EXCLUSIVO – A edição 2024 do relatório SONAR da Swiss Re destaca os riscos emergentes resultantes de crises interconectadas que afetam o mundo, como mudanças climáticas, incerteza econômica e turbulência geopolítica. O documento também aponta que catástrofes naturais, como inundações e incêndios florestais, estão se tornando mais frequentes e severas, trazendo impactos em cadeia para infraestruturas essenciais e cadeias de suprimentos.
A companhia reuniu especialistas para discutir alguns pontos do relatório que afetam a América Latina durante um webinar. Amelia Lorenzo, Head Foresight Research & Modelling do Swiss Re Institute foi a mediadora da conversa entre Luciano Carmona, Head Risk Management PNC Latam Reinsurance, e Vinícius Grimaldi, Risk Manager Corporate Solutions.
Carmona destacou o efeito do isolamento social durante a pandemia. Ele lembrou que o período mais crítico da Covid-2019 em que as pessoas tiveram de evitar o contato social trouxe à tona a questão da saúde mental. “A pandemia ajudou a mostrar muitas coisas que não eram discutidas”, apontou.
Para Grimaldi o assunto saúde mental traz impactos relacionados à maior necessidade de cuidados, já que é notório o crescimento de doenças relacionadas a problemas de saúde mental e até mesmo de um aumento na mortalidade. “Alguns estudos sugerem que o número de mortes decorrentes de problemas de saúde mental poderia ser tão alto quanto o número de mortes por tabaco”, ressaltou.
Porém, ele enfatizou que doenças mentais e o estilo de vida mais sedentário levam a comorbidades como obesidade, doenças cardiovasculares e, causam impactos nos negócios de seguro de vida e saúde do mercado de seguros.
Grimaldi destacou ainda que de maneira geral, ao se olhar para uma empresa, em casos de acidentes, o período de recuperação, reintegração ao trabalho de pessoas afastadas impacta na produção. “O mesmo vale quando o assunto é problemas de saúde mental. Se pensarmos de forma mais ampla, esse risco é um risco fortemente democrático, ele afeta a todos”, disse.
Carmona ressaltou que a questão da saúde mental impulsiona a indústria a buscar oportunidades e contribuir para a melhora da qualidade de vida das pessoas.
Quando o assunto foi mudanças climáticas, Grimaldi disse que o assunto afeta diversos planos diferentes. Ele citou como exemplo um cenário de seca extrema que pode impactar a produção agropecuária de um país e até provocar instabilidade geopolítica, ocasionando migração de populações e impactando a estrutura dos países que vão recebê-los.
“Mudanças climáticas e segurança internacional estão relacionados”, expôs. Ele pontuou ainda que grandes ferramentas ajudam na mitigação de riscos que não estão no portfólio das seguradoras, voltados, inclusive, para catástrofes climáticas.
Para Carmona, a indústria de seguros já havia antecipado a mudança climática e isso levou à criação do seguro paramétrico. “Temos exemplos claros de que produtos paramétricos foram acionados em muitos lugares e as indenizações pagas corretamente. Existem muitas coisas que ainda estão em desenvolvimento”, disse.
O impacto da IA
Sobre inteligência artificial, Carmona disse que é um evento global e não apenas da América Latina. “A inteligência artificial já chegou, e para ficar. O avanço parece irreversível e está presente no dia a dia”, afirmou.
Grimaldi enfatizou que é preciso entender que, em sendo algo presente, haverá um impacto positivo em algumas áreas voltadas à operação. “Temos aplicações reais e positivas no nosso mercado. E, pensando numa evolução, talvez o próximo degrau desse uso sejam as tarefas lógicas, tarefas analíticas anteriores a uma tomada de decisão, por exemplo”, declarou.
Porém, ressaltou que é preciso cuidados em alguns pontos e esse é o desafio: “O uso da IA pode levar a algumas discriminações em diversos outros campos, por exemplo, no recrutamento de pessoas. Na área de saúde, diagnósticos errôneos podem levar a litígios por coberturas contratadas ou, inclusive, sentenças judiciais”, alertou.
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