Em uma pesquisa recente que conduzimos com a fintech Onze, o dinheiro apareceu como a principal fonte de preocupação dos brasileiros (49%), superando temas como saúde e família. O dado revela uma percepção clara de risco. Mas, ao cruzarmos esse indicador com a baixa penetração de soluções de proteção financeira no país, nos deparamos com um paradoxo: apesar da preocupação, a maioria da população ainda não adota o principal antídoto contra a instabilidade financeira, que é a proteção.
Mesmo entre quem consegue manter certa organização financeira, é comum seguir um fluxo linear, voltado apenas à acumulação de recursos, sem considerar os riscos que podem interromper esse processo.
No início da vida financeira, o foco costuma estar na geração de renda e na formação de uma reserva. Com o tempo, novas estratégias se abrem – mas o que muitos esquecem é que, justamente nesse começo, o patrimônio está mais exposto a riscos. Um imprevisto de saúde, um acidente ou uma ausência inesperada pode comprometer anos de esforço.
É claro que traçar metas, como realizar um sonho, garantir a sucessão patrimonial ou se aposentar com tranquilidade, é essencial. Mas tão importante quanto o destino é entender o caminho possível até lá. E esse caminho, inevitavelmente, passa por riscos. Ser previdente é, sobretudo, pensar nos imprevistos da vida.
Em uma estratégia bem estruturada, proteção e acumulação caminham juntas. A previdência é ideal para quem deseja formar patrimônio no longo prazo, enquanto o seguro de vida atua como uma camada de segurança que assegura a continuidade desse projeto – mesmo diante de imprevistos. Um planejamento financeiro sólido contempla ambas as frentes: acumular com consistência e proteger com responsabilidade.
Desafios e oportunidades
Essa visão integrada de planejamento ainda está longe de ser uma realidade no país. Segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), apenas 18% dos brasileiros possuem um seguro de vida. No caso da previdência privada esse número é ainda menor (9%). Isso significa que a maioria das pessoas não estão nem protegidas e nem acumulando – e, muitas vezes, sequer sabem por onde começar.
Para mudar esse cenário, é fundamental ampliar o acesso à informação e incentivar uma nova cultura de planejamento no país. Seguro de vida e previdência ainda são cercados por mitos – muitas vezes vistos como distantes da realidade das pessoas ou como decisões que podem ser adiadas. Superar essas percepções passa por mostrar, na prática, como esses produtos se conectam com os objetivos de vida de cada indivíduo.
Nesse processo, o papel de quem oferece esses produtos na ponta é decisivo: os corretores são aqueles que escutam, orientam e constroem, junto com o cliente, soluções sob medida. Cada vez mais, são esses profissionais que transformam intenção em ação, e proteção em valor percebido.
Talvez falar de futuro nos confronte com a incerteza. E pensar em proteção nos lembre de tudo aquilo que não podemos controlar. Mas é justamente aí que reside o valor da educação financeira: oferecer ferramentas para que cada pessoa consiga se antecipar aos riscos, traçar caminhos possíveis e fazer escolhas mais conscientes.
Planejar não é prever tudo, é preparar-se melhor, com apoio de quem sabe traduzir o futuro em passos viáveis no presente.
Guilherme Hinrichsen, Vice-Presidente Comercial da Icatu Seguros.
*Artigo originalmente publicada na Revista Apólice #311.
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