Líderes de RH e contratantes de planos de saúde frequentemente se perguntam por que os planos de saúde têm reajustes acima da inflação. Basicamente, a inflação reflete a variação geral de preços e serviços na economia, enquanto os reajustes na saúde levam em conta o aumento dos custos das operadoras, que consideram a frequência no uso dos planos, a alternância no preço de serviços e produtos médico-hospitalares, além da introdução de novos procedimentos médicos e tecnológicos, alterações legislativas e outros aspectos.
Para André Martins, vice-presidente de benefícios da Alper Consultoria em Seguros, é o caso, por exemplo, dos planos de saúde no Brasil. De 2019 a 2023, observou-se um incremento de 15% na frequência de exames por pessoa. Adicionalmente, os custos com Serviços Profissionais e de Apoio Diagnóstico e Terapêutico cresceram 35% no mesmo período. Esses fatores, combinados, causam um aumento significativo que vai além dos custos médios.
Em linhas gerais, Martins destaca os elementos que impactam nessa conta.
Aumento dos custos médicos
Este é um dos fatores chave. Com maior número de consultas sendo realizado por pessoa, consequentemente, maiores serão as despesas com exames, honorários médicos, procedimentos e serviços de saúde utilizados. Segundo Martins, na carteira da Alper, por exemplo, se comparados os períodos de janeiro a setembro de 2022 e 2023, observou-se aumentos de 0,74% no custo médio das consultas eletivas, 5,42% nas visitas ao pronto socorro e 6,10% em terapias simples. Além disso, o preço dos medicamentos também tem aumentado significativamente, como é o caso do incremento de 400% nos custos de tratamentos de câncer em quatro anos.
Avanços tecnológicos e atualizações regulatórias
A evolução tecnológica exige constante reciclagem de profissionais e modernização de equipamentos. Na mesma medida, a ANS (Agência Nacional de Saúde) tem incorporado diversos procedimentos obrigatórios na cobertura dos planos: em 2022, foram 14 novas incorporações e, em 2023, outras 31. A expansão imediata dessa cobertura para todos os beneficiários é um fator importante na elevação dos custos dos planos de saúde.
Envelhecimento da população
Segundo dados da ANS, entre 2010 e 2022, a população brasileira cresceu 6,5%, enquanto os beneficiários de planos de saúde aumentaram 12,0%. Com avanços na medicina e melhoria nas condições de vida, é natural que as pessoas vivam mais e, consequentemente, o aumento na demanda por serviços de saúde. Em 2022, a população acima dos 60 anos representava uma parcela de 15,8% e, nos planos de saúde individuais, 14,3% da base de beneficiários. Já nos planos coletivos empresariais, esse número é de 8,9%
Martins reforça que a saúde suplementar tem papel fundamental no pleno funcionamento do ecossistema de saúde no Brasil. “Hoje já são cerca de 51 milhões de beneficiários no país, e é de suma importância que todos tenham consciência dos custos envolvidos nos planos de saúde para que possam administrar suas despesas e manter o benefício”.
A Alper Seguros trabalha na conscientização e na implementação de estratégias para a utilização responsável dos planos de saúde. Por meio de uma comunicação interna, a corretora entende que é fundamental que as empresas e seus colaboradores compreendam que o uso excessivo e as fraudes na saúde suplementar não são apenas ações prejudiciais, mas podem também acarretar consequências severas para a sustentabilidade do sistema como um todo. “A prática de usar os serviços de maneira imprudente e desonesta pode levar ao colapso do sistema, resultando na possibilidade de todos os beneficiários ficarem sem acesso a planos de saúde no futuro”, destaca Martins.
N.F.
Revista Apólice
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