“Em 2023, as perdas estimadas em todo o mundo relacionadas às mudanças climáticas chegaram à casa dos 360 bilhões de dólares, havendo um gap de proteção securitária de quase 70%. No caso dos países emergentes, esse gap é ainda muito maior”, afirmou o diretor técnico e de estudos da Confederação Nacional das Seguradoras, Alexandre Leal, durante o painel “Clima e gestão estratégica”, do 1º Fórum IRB(P&D), em 11 de setembro.
O evento debateu a necessidade de aumento da proteção securitária para a mitigação dos efeitos das catástrofes ambientais, que se tornam cada vez mais frequentes e intensas. Nas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no primeiro semestre, gerando prejuízos na casa dos R$ 100 bilhões, menos de 10% desse valor estava segurado, lembrou o executivo.
Apesar de reconhecer que o Brasil é um país de renda média, segundo ele, a principal razão para essa baixa participação do seguro é cultural, visto que, somente em 2023, os brasileiros gastaram cerca de R$ 60 bilhões em sites de apostas, o que representa cerca de 15% dos valores pagos em seguros. “Dinheiro há, falta a cultura do seguro”, resumiu.
Mas os desafios não se encerram com o aumento da proteção securitária. Como lembrou a líder de transição climática do BNDES, Cláudia Prates, em um planeta cuja temperatura média já aumentou 1,5º Celsius, fica muito difícil prever eventos climáticos futuros com base em eventos passados, sendo que o Brasil, segundo ela, deverá ser o segundo país que sofrerá mais com os impactos das mudanças climáticas, gerando efeitos sistêmicos por aqui. “E os mais vulneráveis serão os que mais sofrerão”, declarou.
Afirmando que o aumento da temperatura média da Terra gerará impactos mais fortes nos países mais próximos à Linha do Equador, o subsecretário de planejamento de longo prazo do Ministério do Planejamento, André Luiz Campos de Andrade, estima que isso poderá gerar perdas de até 30% no PIB desses países, enquanto outros podem até vir a ser beneficiados, com o aumento das terras cultiváveis e abertura de novas rotas comerciais.
O que todos concordam é que é necessário e urgente, além de estratégias de longo prazo, o investimento em infraestrutura para estarmos mais bem preparados para essas mudanças, mas isso sairá muito caro.
O presidente da Brasilseg, Amauri Vasconcelos, também considera fundamental o aumento da proteção securitária nesse cenário de aquecimento global, lembrando que, quando não segurados, os custos dos desastres ambientais recaem sobre o governo e, consequentemente, “sobre todos nós”, comprometendo o crescimento do país, pois recursos que poderiam ser destinados à saúde, educação e infraestrutura entre outros, precisam ser canalizados para o atendimento das vítimas.
“Diante de um cenário catastrófico de aquecimento global e aumento do nível das águas, teríamos o potencial de aumentar em até seis vezes os negócios do setor segurador”, afirmou, já ao final dos debates.
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