No ano de 2022, foram roubados mais de duzentos mil celulares na cidade de São Paulo. Isso dá pouco menos de um telefone a cada três minutos. É um número absurdo que, evidentemente, gera preocupação nos moradores da cidade, a maioria possuidora de telefones celulares.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que em janeiro e fevereiro deste ano houve uma queda expressiva do número de roubos dessa natureza. É uma notícia positiva, mas esses números precisam ser lidos com cuidado. Janeiro e fevereiro são os meses de férias de verão, ou seja, a cidade está mais vazia, o que, naturalmente, reduz o campo de ação dos bandidos.
Para se ter claro o que está acontecendo, é necessário aguardar os números dos próximos meses. Antes disso, não dá para comemorar a redução desse tipo de crime, até porque não é o que as reportagens em geral têm mostrado.
Se até poucos anos atrás o roubo dos celulares era para a revenda dos aparelhos, nos últimos tempos, especialmente após a introdução do Pix na vida dos brasileiros, o crime ganhou nova dimensão, turbinado pelo acesso às informações pessoais e dados bancários armazenados nos telefones.
Quer dizer, há mais uma razão muito forte para o roubo de celulares seguir aquecido e subindo continuamente, não só na cidade de São Paulo, mas em todo o País. Nesse cenário, é lógico as pessoas se preocuparem com seus telefones, tanto pelos aparelhos como pelas consequências da sua subtração pelos ladrões.
Entre as ferramentas para a proteção contra o roubo de celulares, o seguro surge como uma alternativa relativamente barata, pelo menos para a reposição dos aparelhos roubados ou furtados. Assim, como o mundo vive em função da demanda e da oferta, não é estranho os seguros para celulares terem invadido a internet, em ofertas de todos os tipos, anunciando dezenas de seguros para proteger esses aparelhos.
O seguro não tem a capacidade de evitar a subtração do bem, mas ele repõe o seu valor, minimizando o prejuízo do segurado. Como alguns celulares custam mais de R$ 10 mil, essa reposição é importante, até porque não são necessariamente os mais ricos que possuem os celulares mais caros.
A razão do seguro é repor bens ou capacidades de atuação que façam falta ou doam no bolso do cidadão. Segurar alguma coisa que, em função do valor, é indiferente ser perdida é tão sem sentido quanto contratar um seguro de vida sem ter beneficiário para quem faça diferença o pagamento da indenização.
Como existem celulares de todos os preços, em todos os Estados e de todas as idades, quem tem de definir se vale a pena contratar seguro para garantir o aparelho é o seu proprietário. De qualquer forma, a regra básica do seguro faz com que uma apólice para um aparelho velho, estragado e que, portanto, vale muito pouco, custe, proporcionalmente, mais caro do que o mesmo seguro para um aparelho de última geração. Como R$ 10 mil é dinheiro, ter seguro para esses aparelhos, que devem durar pelo menos alguns anos, pode ser um bom negócio.
* Por Antônio Penteado Mendonça, sócio da Penteado Mendonça Advocacia e secretário-geral da Acadêmia Paulista de Letras
** Artigo pulicado pelo jornal Estadão
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