O mercado de seguro de automóvel brasileiro está aquecido nos três primeiros meses de 2023. Pela terceira vez consecutiva, foi registrado crescimento em relação ao período anterior. Março é o de melhor resultado do ano até agora, com alta de 27,19% contra fevereiro. Na comparação anual, o aumento foi de 13,28%. É o que mostra o INDS (Índice Neurotech de Demanda por Seguros). O indicador mede mensalmente o comportamento e o volume das consultas na plataforma da Neurotech.
Todos os Estados analisados separadamente pelo índice apresentaram crescimento mensal, o ranking de altas ficou assim: São Paulo (34,44%), Minas Gerais (25,33%), Rio de Janeiro (25%), Rio Grande do Sul (24,69%) e Paraná (18,99%). Na comparação anual entre março de 2022 e 2023, o estado que registrou maior aumento da demanda foi o Rio Grande do Sul (7,45%), seguido de São Paulo (0,83%). Já Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná apresentaram recuo da demanda.
Para Daniel Gusson, head comercial de Seguros da Neurotech, o comportamento do indicador dá sinais de que o interesse do brasileiro por contratar ou renovar o seguro é crescente e as expectativas são otimistas para 2023. “Aproveitar este momento depende da estratégia da seguradora, pois o INDS mensura todas as consultas de cotações feitas na nossa plataforma. É preciso ponderar que nem todas as propostas são efetivadas, pois a aceitação da apólice depende de “n” variáveis de risco que vão impactar no seu valor”, ressalta.
Gusson acrescenta que, por conta do aumento dos preços dos veículos novos e usados, o valor das apólices também registrou alta. Este é um dos fatores que levam ao salto das consultas nas plataformas, já que os corretores estão buscando o melhor preço para seus clientes. “Houve o aumento da tabela Fipe que não é repassado diretamente pela seguradora. Ela precisa esperar até 12 meses para fazer este reajuste de preços. Este fato, junto com a sinistralidade, levou a um aumento das apólices em torno de 40%, quando comparamos 2021 com 2022. Até então, os segurados estavam acostumados a somente renovar o seguro, sem cotar outras companhias, mas agora começaram a procurar o menor preço. O produto é muito parecido e, mesmo com o relacionamento com a seguradora, o preço passou a destoar tanto que não fazia mais sentido pagar a mais sendo que, muitas vezes, o carro ainda estava parado em casa”, analisa.
O que se espera daqui para frente é uma acomodação deste movimento de alta dos preços, pois o reajuste de março já foi menor do que o registrado nos anos anteriores. Além disso, a sinistralidade também apresentou queda, de cerca de 10 pontos percentuais. “É uma melhora significativa que as seguradoras devem repassar para os usuários”, complementa o especialista.
Gusson acrescenta que, durante a pandemia, a frota assegurada caiu abaixo dos 30% do total, para algo em torno de 27% a 28% e agora se encontra novamente acima dos 30%. “Como os veículos estavam ficando em casa, as pessoas achavam que não era necessário fazer o seguro. A retomada também tem impactado a demanda”, observa. Outro fator que impacta o comportamento do INDS é a venda de veículos novos, pois quem contrata cobertura completa (compreensiva) geralmente é o proprietário de veículos com idade de 0 a 5 anos. “Se há uma pausa de produção, isso vai afetar a venda de novos veículos segurados. Em janeiro e fevereiro deste ano, houve um aumento no emplacamento A retomada para os próximos da venda de 0 km deve impactar a venda de seguros positivamente”, diz.
Criado em fevereiro do ano passado, o índice é baseado em volume de cotações e veio da demanda do setor em ter um indicador confiável que demonstrasse qual o apetite do brasileiro em assegurar o seu veículo.
N.F.
Revista Apólice
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